segunda-feira, julho 18, 2005

a crítica da razão pura e um par de glúteos durinhos


Quase toda discussão se divide em dois momentos: momento a) a argumentação racional entre opositores; momento b) o soco na cara. Até porque o arbitrário é um muro em que a razão mais cedo ou mais tarde dá com a cabeça, e nada mais natural do que ela querer botá-lo abaixo com golpes de picareta. Assim, muito do que parece puro ato de violência é, na verdade, resolução definitiva de impasses filosóficos. Ninguém sabe, mas a Segunda Guerra, por exemplo, começou circa 1870, em Leipzig, com dois filósofos gordinhos numa discussão sobre Teoria do Estado que só se resolveu uns 70 anos depois, quando os russos bateram os alemães em Stalingrado.

Portanto, um filósofo não é mais que alguém disposto a se demorar muito no momento a) e evitar ao máximo o momento b). Anos lendo Leibniz, Platão, Descartes, só para isso. Mas nada impede que, se necessário, ele use meios mais eficientes que a razão para estabelecer a diferença entre forma e substância - o kung-fu ou a luta-livre no gel, por exemplo. Em função disso, nossos cursos de filosofia são incompletos. Além de um estudo detalhado da "Metafísica" e da "Crítica da razão pura", seria aconselhável a prática do aeroboxe e da lambaeróbica, além de noções básicas de full-contact. O que só traria benesses aos nossos filósofos: glúteos mais durinhos e aumento na capacidade de pensamentos originais. Claro que em casos como o de Miss Shall-We uma melhora seria difícil, tanto nos pensamentos quanto nos glúteos. Mas tenho certeza de que esta é a única maneira de os filósofos malemolentes darem alguma contribuição defintiva à filosofia ocidental: nada de conceitos sutis, nada de dialéticas intrincadas, mas uma dupla voadora no pince-nez do reitor da Sorbonne que ousou questionar o filósofo-instrutor-de-capoeira sobre a relação entre uno e multiplicidade. O que indica, ao menos, grande capacidade de síntese: pula-se o momento a) para chegar direto ao soco na cara, momento decisivo de qualquer discussão intelectual.

3 Comments:

Blogger mauro said...

Taí: o Olavão é o Greice dos filósofos. Rei do Vale-Tudo!
(Ah, e many thanx for linking).

11:26 AM  
Blogger rodrigo de lemos said...

sim, ele sabe como ninguém "filosofar com o martelo" -às vezes, mais com o martelo que com a filosofia, but who cares?

abraços, and many thanx for linking, too.

11:49 AM  
Blogger rodrigo de lemos said...

ah, eu sei, eu sei que ele detesta nietzche... ;-)

11:50 AM  

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