domingo, julho 10, 2005

cinco grandes cenas de festa


















- O baile a fantasia em "An American in Paris", de Vincent Minelli, 1951. Porque o figurino é lindíssimo; porque a Leslie Carron também; porque o Vincent Minelli é meu tipo de diretor - o diretor que filme pintando. E porque esta é a última cena antes do grand-finale, mas não perde para ele em beleza.












-A cena da boate em "Kill Bill", de Q. T., lá-ri-rá-ri-rá. Dizimar um exército inteiro como num balé foi peça de antologia.












- "La Notte", de Michelangelo Antonioni, 1961. O filme todo é um festa (o que não quer dizer "alegre", não mesmo). Mas na hora em que personagem da Monica Vitti inventa um jogo bobo no chão quadriculado e todo mundo começa a imitá-la, dá para ver com perfeição o tédio daquelas pessoas. E perceber o quanto um filme sobre uma festa chata pode contrariar expectativas e ser excelente, se o diretor for o Antonioni.












- O baile em "Il Gattopardo", de Luchino Visconti, 1963. Os figurinos, a música, a coreografia; tudo é perfeito. Mas existe alguma coisa nesta cena que não é explicável e que faz dela uma obra-prima. Talvez seja uma melancolia suave que lhe realça a beleza - uma melancolia provavelmente ligada à decadência da aristocracia italiana, classe que o baile simboliza. Ah, shame on me; tentei explicar. Mas a cena é mais forte que essas vulgaridades, e não chega a perder a graça por isso.










-Anita Ekberg dançando rock em "La Dolce Vita", de Frederico Fellini, 1961. É difícil escolher uma grande cena de festa neste filme. Até porque quase todas elas são. Mas quando a Anita Ekberg vai a uma boate e um Elvis Presley macarroni começa a cantar se tremendo todo até cair do palco, entendi como deve ser uma cena de festa perfeita. É que não basta os personagens se divertirem; eles têm de divertir o espectador. E me parece que o Fellini soube fazer isso à merveille - aqui e em dois outros momentos: o banquete na casa de Trimachio em "Satyricon" e o casamento no final de "Amarcord". Ah, e se disserem que Fellini é amaneirado, sim, ele é amaneirado. E por isso mesmo tão bom.