terça-feira, junho 28, 2005

fila, por favor


Gente comigo é assim: cada um na fila pro seu guichê.


Party people, party animals e party monsters, à direita da fita colorida. Não tentem filosofar. Não tentem ser profundos. Não tentem enunciar verdades gerais. Menos ainda sobre relacionamentos amorosos; "porque numa relação a dois...". E me paguem mais um drink!


Psicanalistas, vocês também, fora da pista. A maioria não dança; só sabe se balançar com os braços molengas. Se abestalham olhando pra estrobo. E tem que cuidar toda hora pra que alguém não os esvazie com o cigarro. (Espera aí, "Groove is in the Heart"!? Não tentem; não tentem! Esperem as orelhas postiças de cachorro, que já vai tocar a musiquinha da TV Colosso.) Pouca gente que sobrevive a Lacan sobrevive com a musculatura intacta. Melanie Klein, então, equivale a uma poliomelite.


Porque, acredite, cada um tem seu guichê; cada guichê tem a sua fila, e cada fila tem lugares reservados. Uma delas é pra ingresso de inferninho; outra, pra secretaria de pós em relação mãe-bebê. E poucos podem entrar nas duas. Mas, seja como for, todo o mal vem de a criatura não se conformar com o seu lugarzinho e querer trocar ou de fila - povo de festa dando conselhos graves - ou de lugar, com gente se estapeando por furo dos que estão mais na frente, por exemplo. (Ih, olha lá, olha lá, o cara chutando uma velhinha pra passar na frente do Duque de Guisa.) O que prova, é claro, a eterna superioridade da Idade Média e o caráter showgirl dos nossos contemporâneos - mesmo dos que não são blogueiros. Nas nossas filas, infelizmente não se fazem mais reservas.