segunda-feira, novembro 14, 2005

é coisa nossa


"And what a lovely morning!", exclamei como uma Debbie Reynolds no meio da Livraria Cultura. Foi hoje pela manhã. Estava lendo o último livro de Mr. Nelson Ascher e topei com um epigrama que eu bem gostaria de ter escrito; dizia que se os americanos descobrirem a cura da AIDS, tem quem vá ficar a favor do vírus.

Porque não é difícil conhecer brasileiro que defenderia o vírus. Todos aidéticos, naturalmente. Hordas e hordas de portadores de HIV se juntando em frente à embaixada americana, transbordantes de mots d'ordre e raivinha e punho em riste, gritando "O HIV é nosso!" enquanto Gegê Vargas sorri numa foto, maroto e cheio de simpatia. Ah, a heróica resistência do povo brasileiro ao invasor ianque! Sempre penso nisso ao ver camisetas "Bush is stupid" na vitrine da Elite Fashion.

Afinal, não passamos sem junk food, e as pessoas vibram com "Super Size Me"; não vivemos 100 anos contínuos de democracia, e tem quem compare Bush a Hitler. Realmente muito convincente. Mas cada um tem o anti-americanismo que merece. O clichê do islâmico é um radical barbudo queimando bandeira em Teerã. Na França, é sociólogo condenando os EUA por o que os franceses fizeram pior. Já anti-americanismo de brasileiro não é muito mais que adolescente falando mal de Bush enquanto limpa com a língua os restos de Cheddar McMelt no aparelho.