terça-feira, maio 17, 2005

o rosto e a voz por trás do politicamente correto


Lembra disso?

Preconceito -
Não faz bem a ninguém
E sem ele
Penso o que seria do poder
Preconceito -
Já causou muito mal
Quem são eles?
Seres que decidem o que normal?

Sim, sim, Via Negromonte, a one hit wonder dos 80's. E este é seu hit pós-estruturalista. Agora (felizmente) esquecida, Via Negromonte fez sucesso na época. Ia toda semana ao programa da Xuxa. Tinha música em trilha de novela. Chegou até a posar nua para a Playboy.

Mas nem tudo era glamour. Via Negromonte tinha um problema: era irmã da Marlene Mattos.

O que só confirma aquela idéia do Nietzche, de que é o ressentimento contra o mundo que nos impele ao democraticismo. Imagina, você é irmão da Marlene Mattos, o que pode fazer? Só pode ter raiva de tudo e compor músicas contra qualquer forma de desigualdade e de preconceito. Afinal, você é irmão da Marlene Mattos, não é mesmo?


Marlene: sorrindo da desgraça alheia.

(Talvez essa seja a explicação para a Revolução Francesa. Imagino sans-cullotes passeando com Marlenes Mattos encoleiradas enquanto aristocratas guardam akitas e sharpeis nos seus palácios. Não tinha como não ter inveja da nobreza e fazer uma baderninha só pra acabar com o bem-bom. )

Deixo vocês agora com um excerto da entrevista que Via Negromonte deu para a Plyboy ao posar nua em agosto de 1988:
"P- Via, como foi que surgiu a inspiração para o sucesso "Preconceito", que agora conseguiu entrar na trilha da novela Mandala?
VN - Olha, eu estava na casa do meu ex-namor, e ele fazia mestrado em antropologia social na UFMG. Aí, nós brigamos, e eu, pra mostrar que estava enfezada, comecei a ler o primeiro livro que achei na mesa de centro. Era "Microfísica do poder", dum autor chamado Marcel, ou Michel, ou Miguel, só sei que era Foucault, conhece? Achei show de bola! Toda essa coisa de como as pessoas são excluídas pelo preconceito, tão barra, cara, tão barra. E aí, me veio a letra na cabeça, tudo a partir daquela parte: "penso o que seria do poder", saca? Bom, não deu mais pra segurar, fiz a letra inteira e liguei pra Marlene (Mattos, sua irmã) na hora! Foi tudo assim (estala os dedos). Mas o mais engraçado foi que, naquela mesma semana, perdi o namorado, mas ganhei um hit! (risos)"



Smart that kid.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Talvez a atual estetização excessiva da pobreza seja um truque para acabar com a inveja dos sans-culottes em relação à nobreza e evitar uma nova revolução. Simples, não? "Por que vocês querem nossos akitas e nossos sharpeis, se a vida de vocês é tão mais espontânea, livre e cheia de beleza?" BULLSHIT, UHHHH!

10:42 AM  
Blogger rodrigo de lemos said...

adriano, se for pra evitar rev...rev.. revo-isso-mesmo tá valendo. só não dá pra perdoar "cidade de deus", isso é demais pra mim.
abraço

6:37 AM  
Anonymous Anônimo said...

hahaha

10:24 AM  
Anonymous Anônimo said...

HAHAHAAH
Que fantástico, que fantástico. Nunca esqueci dessa musiquinha; sempre quis fazer um post a respeito, mas me faltava material para a pauta (isto é, a tal Playboy). Many thanks, sir. ;)

1:50 AM  
Blogger rodrigo de lemos said...

sandro e jules, you're welcome, you're welcome. mas jules, desculpe, mas a playboy é inventada. pensei que soaria imediatamente absurdo, mas admito que foi um erro de cálculo. infelizmente, é muito comum que meninas passem a ler foucault porque brigaram com o "namor". ;-)

abraços, abraços

1:50 PM  
Anonymous Anônimo said...

hahahha

7:28 PM  

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