quarta-feira, setembro 21, 2005

la rochefoucauld on love (II)


Mais máximas de La Rochefoucauld sobre o amor. Vou insistir até que vocês aprendam.

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Existe no ciúme mais amor-próprio do que amor.

(Il y a dans la jalousie plus d'amour-propre que d'amour.)

Se alguém acredita amar a sua amante por amor a ela mesma, está bem enganado.

(Si on croit aimer sa maîtresse pour l'amour d'elle, on est bien trompé.)

Enquanto se ama, se perdoa.


(On pardonne tanto que l'on aime.)

O ciúme sempre nasce com o amor, mas nem sempre morre com ele.

(La jalousie naît toujours avec l'amour, mais elle ne meurt pas toujours avec lui.)

É mais difícil sermos fiéis à nossa amante quando estamos felizes do que quando somos mal-tratados.


(Il est plus difficile d'être fidèle à sa maîtresse quand on est heureux que quand on est maltraité.)

No amor, a traição quase sempre vai mais longe que a desconfiança.

(Dans l'amour la tromperie va presque toujours plus loin que la méfiance.)

Há um certo tipo de amor cujo excesso impede o ciúme.

(Il y a une certaine sorte d'amour dont l'excès empêche la jalousie.)

Quem ama duvida com freqüência daquele em quem mais crê.

(Quand on aime, on doute souvent de ce qu'on croit le plus.)

Um cavalheiro pode se apaixonar como um louco, mas nunca como um bobo.

(Un honnête homme peut être amoureux comme un fou, mais non pas comme un sot.)

As infidelidades deveriam acabar com o amor, e o bom seria não termos ciúme quando temos motivos para tanto. Somente quem evita causar ciúme é digno do mesmo.

(Les infidélités devraient éteindre l'amour, et il ne faudrait point être jaloux quand on a sujet de l'être. Il n'y a que les personnes qui évitent de donner de la jalousie qui soient dignes qu'on en ait pour elles.)

A maioria das mulheres chora a morte de seus amamtes não tanto por tê-los amado, mas por parecerem mais dignas de o serem.

(La plupart des femmes ne pleurent pas tant la mort de leurs amants pour les avoir aimés, que pour paraître plus dignes d'être aimées.)

Os esforços que fazemos para impedir o amor são muitas vezes mais cruéis que a frieza de quem amamos.


(Les violences qu'on se fait pour s'empêcher d'aimer sont souvent plus cruelles que les rigueurs de ce qu'on aime.)

É quase sempre culpa do amante não perceber que se deixou de amá-lo.

(C'est presque toujours la de celui qui aime de ne pas connaître quand on cesse de l'aimer.)

Quem ama muito é quase tão difícil de satisfazer quanto quem já não ama tanto.

(On est presque également difficile à contenter quand on a beaucoup d'amour et quand on n'en a plus guère.)

Às vezes, somos menos infelizes sendo enganados por quem amamos do que sendo desenganados.

(On est quelquefois moins malheureux d'être trompés par ce qu'on aime, que d'en être détrompé.)

Ficamos um bom tempo com nosso primeiro amante, quando não achamos um segundo.

(On garde longtemps son premier amant, quand on n'en prend de second.)

Os esforços que fazemos para continuarmos fiéis a quem amamos não valem muito mais do que uma infidelidade.


(La violence qu'on se fait pour demeurer fidèle à ce qu'on aime ne vaut guère mieux qu'une infidélité.)

O perigo mais ridículo aos velhos que já foram capazes de suscitar paixões, é esquecerem o fato de não mais o serem.

(Le plus dangereux ridicule des vielles personnes qui ont été aimables, c'est d'oublier qu'elles ne le sont plus.)

4 Comments:

Blogger Odorico Leal said...

"Lemos essas máximas e elas vão lentamente desenhando um sorriso permanentemente cínico nos nossos lábios."

Li isso em algum lugar. Por que cínico? Prefiro pensar num sorriso de compreensão. De perdão até. La Rochefoucauld desperta o meu catolicismo. ;-)

Abraço,

7:48 PM  
Blogger rodrigo de lemos said...

ludovico, eu experimento os dois sentimentos lendo la rochefoucauld. mas é verdade que o lado bom cristão dele tem me sido mais evidente nos últimos tempos. acho que ele só estava tão obcecado pelo egoísmo e pelo amor-próprio por ele mesmo ter um coração bondoso - na verdade, um ideal delirante de altruísmo, e logo em constante decepção consigo mesmo e com o mundo. a velha história de spleen et idéal, lá-ri-rá.

mas o seu perdão é para quem? para la rochefoucauld ou para a humanidade?

eduardo: "horóscopo"? "jornal o sul"? o que você anda lendo, darling?

abraços

12:09 PM  
Blogger Odorico Leal said...

O perdão para a humanidade. Ou pelo menos para mim, que o leio, e, ao mesmo tempo que me condeno, me perdôo. Digamos que o velhinho francês mostra o que há de patético no herói e no covarde. E o patético merece nossa compreensão, I guess, não o nosso asco.

Abraço,

2:10 PM  
Blogger Carol Disegna said...

"Quem acredita amar a sua amante por amor a ela mesma, está bem enganado."
E a gente achando que Freud tinha inventado essa sozinho... hehe...

Beijos!

6:24 PM  

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