o povo que vive sob a minha pia-máter
Sou facilmente divertível. Sou, na verdade, auto-divertível. Tenho um pequeno estoque de imagens na minha cabeça que me salvam de qualquer tarde de domingo.
Na verdade, não são bem imagens, são personagens que invento. Ou melhor, tipos. É isso, são tipos que me vêm à cabeça quando uma fila, um ônibus ou uma sala-de-espera põem à prova o meu amor à vida. E depois eu não entendo por que as pessoas ao meu lado acham que estou rindo delas, vejam só que mistério.
Adoro carreiristas, por exemplo. Mulheres carreiristas. São sempre loiras, têm peitos enormes, estão excessivamente maquiadas e invariavelmente dispostas a fazer tudo para estrelar um daqueles shows cafonas de Las Vegas. Picotam os vestidos umas das outras no camarim. Quebram os saltos das sandálias para a colega cair na escada. E colocam soda cáustica na tintura de cabelo da dançarina principal para deixá-la careca um dia antes do espetáculo. Enfim, algumas lições de baranguice que se pode tirar de filmes educativos como "Showgirls". Até já escrevi um post sobre ele, explorando as semelhanças entre as vagabas do filme e alguns blogueiros desesperados por publicidade.
Velhas lascivas também são ótimas. Velhas, não: senhoras de 45, 50 anos. Vejo elas em boates enfumaçadas, vestidas com botas e biquinis de couro, fazendo gestos de felinos sensuais com as mãos meio crispadas enquanto dançam "Strangelove" dentro de jaulas. Quando elas começam a tirar a roupa eu quase sempre troco de cena; se de fato existe uma linha tênue entre a bizarrice e o mal-gosto completo, não sou eu quem vai até lá comprovar. Mas ainda contrato umas dessas para dançar no meu próximos aniversário, junto com uma trupe de anões sado-masoquistas, como garçons.
Mas secretárias são melhores. Claro, não quaisquer secretárias: secretárias carentes emocionalmente. Daquelas que se deixam levar a motéis baratos pelo chefe. No geral, logo na primeira hora elas se embebedam com Espumante Peterlongo; ficam só de meia-calça e lingerie em cima da cama, e contraem-se de forma insinuante ao som de "Carelesse Whisper", do Wham, pondo em prática passinhos 1-pra-lá-1-pra-cá aprendidos com afinco durante meses em cursos de strip-tease. Depois, quando os dois estão de cabelo molhado, saindo do motel, o chefe diz nunca ter conhecido uma pessoa "tão especial" (desde que dia do mês passado ele não especifica), e que vai deixar a esposa por ela. O que gera anos e anos de enrolação para a pobre secretária. Mas aí a história fica trágica, e sou forçado a trocar de cena também, porque não gosto de ver ninguém sofrer, que bonzinho sou eu.
Na verdade, não são bem imagens, são personagens que invento. Ou melhor, tipos. É isso, são tipos que me vêm à cabeça quando uma fila, um ônibus ou uma sala-de-espera põem à prova o meu amor à vida. E depois eu não entendo por que as pessoas ao meu lado acham que estou rindo delas, vejam só que mistério.
Adoro carreiristas, por exemplo. Mulheres carreiristas. São sempre loiras, têm peitos enormes, estão excessivamente maquiadas e invariavelmente dispostas a fazer tudo para estrelar um daqueles shows cafonas de Las Vegas. Picotam os vestidos umas das outras no camarim. Quebram os saltos das sandálias para a colega cair na escada. E colocam soda cáustica na tintura de cabelo da dançarina principal para deixá-la careca um dia antes do espetáculo. Enfim, algumas lições de baranguice que se pode tirar de filmes educativos como "Showgirls". Até já escrevi um post sobre ele, explorando as semelhanças entre as vagabas do filme e alguns blogueiros desesperados por publicidade.
Velhas lascivas também são ótimas. Velhas, não: senhoras de 45, 50 anos. Vejo elas em boates enfumaçadas, vestidas com botas e biquinis de couro, fazendo gestos de felinos sensuais com as mãos meio crispadas enquanto dançam "Strangelove" dentro de jaulas. Quando elas começam a tirar a roupa eu quase sempre troco de cena; se de fato existe uma linha tênue entre a bizarrice e o mal-gosto completo, não sou eu quem vai até lá comprovar. Mas ainda contrato umas dessas para dançar no meu próximos aniversário, junto com uma trupe de anões sado-masoquistas, como garçons.
Mas secretárias são melhores. Claro, não quaisquer secretárias: secretárias carentes emocionalmente. Daquelas que se deixam levar a motéis baratos pelo chefe. No geral, logo na primeira hora elas se embebedam com Espumante Peterlongo; ficam só de meia-calça e lingerie em cima da cama, e contraem-se de forma insinuante ao som de "Carelesse Whisper", do Wham, pondo em prática passinhos 1-pra-lá-1-pra-cá aprendidos com afinco durante meses em cursos de strip-tease. Depois, quando os dois estão de cabelo molhado, saindo do motel, o chefe diz nunca ter conhecido uma pessoa "tão especial" (desde que dia do mês passado ele não especifica), e que vai deixar a esposa por ela. O que gera anos e anos de enrolação para a pobre secretária. Mas aí a história fica trágica, e sou forçado a trocar de cena também, porque não gosto de ver ninguém sofrer, que bonzinho sou eu.
No fim, o que eu acho realmente engraçado nessa história é a carência emocional da secretária. Ou a carência emocional da mulher, em geral. Mulheres carentes e assemelhados são sempre, sempre muito engraçados - os olhinhos revirados, pensando na pessoa amada (ou na falta de), enquanto abraçam ursinhos de camelô que têm um "I love you" bordado na barriga. São engraçados e meio bobinhos também. Só é obcecado pelo amor quem nunca leu um livro decente na vida.
E esse é o povo que vive sob a minha pia-máter. Tem mais; tem mais; muito mais. Mas escolhi só as mulheres para agradar uma eventual leitora feminista. Espero que goste do chá, querida.
3 Comments:
Que tipo de feminista? Aquela que lê Beauvoir e Flex, que assiste Sex and the City ou que lê os romances de Danielle Steel? Imagino que o primeiro tipo (as que leram e releram Le dieuxieme sexe), por ser menos auto consciente talvez tenha se identificado menos com o seu post. Ademais, que chefe levaria uma secretária de sovaco peludo pro motel?
abraços,
Os chefes de barriga gigantesca e mau hálito, acredito.
não sei, brunilda, não sei. sobretudo, é preciso não saber. ;-)mas temo que o adriano esteja certo. sordid details, argh.
abraços
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