sexta-feira, abril 15, 2005

os dipromadu

pois é, já fui obrigado a ouvir que é um absurdo o diogo mainardi fazer tanto sucesso "porque nem diploma de jornalista ele tem." não, não, leitora amiga, isso não foi na apae, não. foi numa praia meio deserta, ao sol do fim da tarde, e nem preciso dizer que a frase estragou a paisagem; na hora senti uma pontada no rim e uma dor aguda na úlcera.

porque todo mundo sabe que um bom - talvez mais que bom - jornalista não é nada além de um ser dotado da extraordinária capacidade de dizer frases de efeito que realmente geram efeito. só isso. é como o paulo francis dizendo que "a função da universidade é criar elites, e não dar diploma para pé rapado"; a frase é tão brilhante - e tão correta - que quase supera "as armas e os barões assinalados" ou qualquer conceito estapafúrdio do padre vieira. e pra dizer isso, convenhamos, ninguém precisa freqüentar universidades; basta ter esprit, ler o que já foi escrito de importante desde que há vida inteligente na terra, e fazer parte do conjunto restrito de seres humanos a que este atributo se aplica. não é pouco, e com certeza isso não se aprende numa faculdade.

sim, sim, porque o que se aprende numa faculdade - de jornalismo ou de qualquer outra coisa - não vai além do que se precisa para ser um professor, um crítico ou um jornalista eficiente. quer dizer, no último caso, saber diagramação, redação e um pouco de embromação teórica sobre "fenômenos comunicativos"; nos dois primeiros, ter lido pelo menos machado de assis. e pensar que é só por isso que a classe média se orgulha tanto dus diproma que tem na parede.

(no fim, as universidades não vão muito além de cursos que formam pedreiros capazes de fazer reboco ou pescadores que entendem de anzol. aliás, este tipo de operário intelectual que é o jornalista médio ou o professor sem esprit nem difere muito da classe dos pedreiros ou dos pescadores; tudo mundo honesto, muito limpinho, mas, assim como para o barão de charlus, título de marquês ou título nenhum era absolutamente a mesma coisa, será que redigir a página política da zero hora ou dar a mesma aula durante 30 anos não é muito diferente de cozinhar pra fora na visão de quem estuda, sei lá, filosofia pré-socrática?)